Conforme explica Rodrigo Balassiano, a administração de fundos criptográficos tem ganhado destaque no cenário financeiro global, à medida que ativos digitais se consolidam como uma classe de investimento legítima. No entanto, gerir recursos nesse setor exige conhecimento técnico aprofundado, especialmente em relação ao arcabouço regulatório, aos riscos inerentes e às melhores práticas de governança. À semelhança dos fundos tradicionais, os fundos de criptoativos também precisam ser operados com transparência.
Um dos desafios mais complexos na administração desses fundos é lidar com a diversidade e a evolução constante da regulação ao redor do mundo. Países como EUA, Suíça e Singapura têm abordagens distintas sobre a supervisão de ativos digitais, o que torna essencial a compreensão das exigências locais. As questões como reporte fiscal, KYC (conheça seu cliente), AML (combate à lavagem de dinheiro) e proteção de dados são fundamentais para evitar sanções legais e garantir a operação contínua do fundo.
Como o ambiente regulatório afeta a administração de fundos criptográficos?
O panorama regulatório para fundos criptográficos é dinâmico e varia significativamente entre jurisdições. Rodrigo Balassiano frisa que, enquanto alguns países adotam uma postura mais favorável, incentivando a inovação por meio de sandboxes regulatórias, outros impõem restrições severas ou proibições totais. No Brasil, por exemplo, a Securities and Exchange Commission local, a CVM, ainda está em processo de definição clara sobre como enquadrar criptoativos sob a legislação vigente.
Ademais, a falta de harmonização internacional dificulta a criação de fundos com alcance global. Administradores precisam estar atentos às leis locais de cada país onde captam recursos ou mantêm parceiros. Rodrigo Balassiano informa que a conformidade com normas internacionais, como as da FATF (Financial Action Task Force), também se torna essencial para evitar bloqueios de transações e facilitar a aceitação do fundo no mercado global.
Quais são os principais riscos na gestão de fundos de criptoativos?
Os riscos associados à administração de fundos criptográficos vão além dos tradicionais riscos de mercado e crédito. Devido à natureza digital e descentralizada dos ativos, fatores como volatilidade extrema, riscos operacionais e ciberataques assumem um papel central. Uma única falha técnica ou brecha de segurança pode resultar em perdas irreversíveis, comprometendo a credibilidade do fundo e levando à saída abrupta de capital.

Segundo Rodrigo Balassiano, outro risco crescente é o legal e reputacional. Caso o fundo esteja exposto a protocolos ou projetos mal auditados, ou até mesmo envolvidos em atividades suspeitas, ele pode enfrentar investigações regulatórias e danos à imagem. A rápida evolução tecnológica do setor também exige constante atualização dos processos internos, para evitar obsolescência ou erros operacionais graves.
Quais melhores práticas devem ser adotadas na administração de fundos criptográficos?
Para mitigar os riscos mencionados, é fundamental estabelecer uma estrutura robusta de governança e compliance. Entre as melhores práticas estão a contratação de auditorias independentes, uso de carteiras frias (cold wallets) para armazenamento de ativos, segregação de funções dentro da equipe e implementação de sistemas de monitoramento em tempo real. A transparência com os cotistas também é essencial, incluindo relatórios periódicos sobre alocação de ativos e desempenho.
Além disso, a formação de parcerias estratégicas com custodiantes confiáveis, plataformas de negociação regulamentadas e consultorias especializadas em blockchain contribui para a solidez operacional. Rodrigo Balassiano ressalta que o treinamento contínuo da equipe frente a novas tecnologias e requisitos legais também deve ser priorizado, garantindo que o fundo esteja sempre alinhado às melhores práticas do setor.
A administração de fundos criptográficos representa uma fronteira promissora, mas desafiadora, no universo financeiro. O equilíbrio entre inovação e conformidade será determinante para o sucesso a longo prazo. Com regulamentação em evolução, riscos particulares e demanda por excelência operacional, apenas os gestores mais preparados conseguirão prosperar nesse novo ecossistema. Investir em conhecimento, segurança e transparência não é apenas uma recomendação, é uma necessidade.
Autor: Halikah Saadin