O especialista Oluwatosin Tolulope Ajidahun informa que o abortamento de repetição é uma condição clínica que exige avaliação criteriosa e abordagem multidisciplinar. Considerado quando ocorrem três ou mais perdas gestacionais consecutivas antes da 20ª semana, o quadro afeta de 1% a 2% das mulheres em idade fértil. A investigação adequada das causas e a definição de protocolos de tratamento individualizados são essenciais para aumentar as chances de uma gestação bem-sucedida.
Investigação clínica no abortamento de repetição
A investigação clínica do abortamento de repetição envolve uma série de exames e entrevistas médicas para identificar fatores de risco e possíveis causas subjacentes. Tosyn Lopes ressalta que a avaliação deve considerar aspectos anatômicos, hormonais, imunológicos, genéticos e infecciosos. Entre os exames indicados, estão ultrassonografias, histeroscopia, cariótipo dos pais, dosagens hormonais e testes de trombofilias.
Ainda que em muitos casos a causa exata não seja identificada, a análise detalhada permite excluir hipóteses e orientar intervenções mais eficazes. A anamnese completa, com histórico reprodutivo, familiar e clínico, é o primeiro passo para direcionar a conduta médica. O diagnóstico precoce e abrangente contribui significativamente para o sucesso dos tratamentos propostos.
Fatores associados ao abortamento de repetição
Diversos fatores podem estar associados ao abortamento de repetição, e cada um deles exige uma abordagem específica. De acordo com Oluwatosin Tolulope Ajidahun, alterações uterinas como septos, miomas submucosos e sinéquias podem comprometer o ambiente gestacional. Além disso, disfunções hormonais, como hipotireoidismo e síndrome dos ovários policísticos, também estão entre as causas mais comuns.
As trombofilias hereditárias e adquiridas, que aumentam o risco de trombose placentária, merecem atenção especial. As infecções crônicas e as doenças autoimunes, como a síndrome do anticorpo antifosfolípide, completam o quadro de condições que devem ser cuidadosamente monitoradas. Por isso, o tratamento deve ser individualizado e baseado em evidências clínicas.

Protocolos de tratamento personalizados
Após a investigação, a definição dos protocolos de tratamento para abortamento de repetição deve considerar os achados clínicos e laboratoriais. Tosyn Lopes analisa que, em casos anatômicos, intervenções cirúrgicas minimamente invasivas, como a histeroscopia, são indicadas para correção das anomalias. Quando as causas são hormonais, a terapia medicamentosa com reposição ou regulação hormonal costuma apresentar bons resultados.
No caso das trombofilias, o uso de anticoagulantes e ácido fólico é uma estratégia frequentemente adotada. Já nos quadros autoimunes, o acompanhamento conjunto com reumatologistas pode ser necessário para o controle da resposta imunológica. A abordagem emocional também é parte importante do tratamento, visto que o histórico de perdas recorrentes costuma causar sofrimento psicológico considerável.
Abordagem multidisciplinar e acompanhamento contínuo
O sucesso no manejo do abortamento de repetição depende de uma abordagem integrada, envolvendo ginecologistas, endocrinologistas, geneticistas, imunologistas e psicólogos. Segundo Tosyn Lopes, esse modelo colaborativo permite identificar com mais precisão os fatores envolvidos, além de garantir suporte contínuo à paciente em todas as fases do tratamento e da gestação.
Ademais, é fundamental garantir um acompanhamento pré-natal rigoroso em gestações subsequentes, com foco em monitoramento frequente e intervenções preventivas. A confiança entre paciente e equipe médica, bem como a comunicação clara durante o processo, favorecem melhores desfechos obstétricos.
Importância da informação e do acolhimento
O abortamento de repetição não deve ser tratado como um evento isolado, mas como um sinal de alerta para investigações profundas. Oluwatosin Tolulope Ajidahun comenta que muitas mulheres enfrentam a condição sem o suporte adequado, o que pode retardar o diagnóstico e comprometer as possibilidades de tratamento. Informar, acolher e orientar de maneira sensível são atitudes essenciais para que essas pacientes não se sintam desamparadas.
O conhecimento atualizado e a atuação ética dos profissionais de saúde são decisivos para garantir que o tratamento seja eficaz, respeitoso e centrado na paciente. Quando conduzido com responsabilidade, o manejo do abortamento recorrente oferece esperança real de uma gestação segura e bem-sucedida.
Autor: Halikah Saadin